Cinema e realidade virtual no projeto Desdobrando Imagens

Programação reúne palestras, bate-papos, mostra de vídeos, cursos e oficinas

Dos dias 17 de maio a 13 de junho, o Sesc Belenzinho (São Paulo) realiza o projeto Desdobrando Imagens, reunindo palestras, bate-papo, mostra de vídeos, cursos e oficinas relacionados ao uso de realidade virtual e imersão em propostas cinematográficas.

O principal destaque da programação é a palestra com o norte-americano Michael Naimark, um dos pioneiros e referência na criação de realidade virtual, no dia 4 de junho. Produtor, inventor e estudioso do campo da realidade virtual e novos meios, Michael é conhecido por seu trabalho em mapeamento de projeções, com o Google Street View, com transmissão global de vídeo e patrimônio virtual. Desde 2009, Naimark integra o corpo

docente do departamento de Cinema da Universidade da Califórnia do Sul, do programa de Telecomunicações Interativas da Universidade de Nova York e do Media Lab do MIT. Naimark também foi contratado como o primeiro “artista residente” da Google, no recém-criado departamento de realidade virtual.

Outro destaque é o lançamento mundial do documentário Fogo na Floresta, primeiro filme em realidade virtual produzido em uma aldeia indígena na Amazônia, dirigido por Tadeu Jungle, que será exibido em óculos de realidade virtual, junto com outras produções, nos dias 3 e 4 de junho.

A recente popularização de displays imersivos reacendeu o interesse pelo tema da realidade virtual, uma tecnologia porvir. Esse movimento foi acompanhado pela explosão de outras formas de captura e exibição de imagens volumétricas, como o escaneamento 3D e o vídeo 360º. O modo como são aplicados em campos que vão desde as redes sociais até a preservação de patrimônio e a medicina protética indica seu amplo impacto.

Confira a programação:

Cursos e Oficinas (gratuito)

Início das inscrições: Credencial plena: 5/5. Sexta, 14h. Credencial Atividades e público em geral: 9/5, Terça, 14h. Vagas remanescentes: 10/5, quarta. Local: Espaço de Tecnologia e Artes.
Pintura em Realidade Virtual
Utilizando a tecnologia do óculos de realidade virtual (VR) e os programas inovadores Tilt Brush e Quill, os participantes irão imergir em uma vivência em que poderão desenvolver experiências em técnicas de pintura e desenho 3D. A sala é a tela e a paleta de cores é a sua imaginação. As possibilidades são infinitas: os participantes podem pintar utilizando texturas de traços, estrelas, luzes, água, fogo, bolhas e na sequência podem transitar pela sala e compartilhar suas obras com os outros.
Dia 17/5, quarta, das 17h30 às 22h

Estereoscopia: uma introdução prática e teórica
Introdução à história e aos conceitos básicos das técnicas de produção de imagens estereoscópicas. Partindo dos primeiros experimentos no século XIX, seguimos o desenvolvimento da tecnologia até chegarmos nos atuais equipamentos de realidade virtual. Igualmente, por meio de simples exercícios, exploramos algumas dessas técnicas de produção: anáglifos, polarização, lado-a-lado e head mounted displays (google cardboard).
Obs: os alunos devem trazer smartphones com cabos para baixar fotos do celular.
Dias 23 e 25/5, terça e quinta, das 14h30 às 17h30

Áudio no cinema: Imersão sonora tridimensional
Dirigida a técnicos de áudio, sound designers e apreciadores de cinema e realidade virtual, o curso apresenta formatos, técnicas e usabilidade do áudio para levar a audiência para dentro da obra através de uma imersão sonora tridimensional. Aborda aspectos como a história do desenho do áudio no cinema com análise das técnicas e do nível de imersão, os diversos sistemas (mono, stereo, surround, 3D e binaural), além de exercícios de captação.
De 24/5 a 7/6, quartas, das 19h às 22h
Realidade Virtual: Criação de Ambientes 360°
Apresentação das possibilidades, softwares e aplicativos, equipamentos e conteúdos criados para Realidade Virtual. O participante pode criar um ambiente 360° em 3D no software livre Blender e visualizá-lo com os óculos Google Cardboard.
De 30/5 a 13/6, terças e quintas, das 10h às 12h

Realidade Virtual para a Web
As tecnologias que permitem a criação de cenários em realidade virtual na Internet, para visualização com óculos como o Google Cardboard, são baseadas em JavaScript, sendo mais acessíveis do que as ferramentas utilizadas na criação de jogos e aplicativos com gráficos tridimensionais.  10 vagas.
De 30/5 a 8/6, terças e quintas, das 19h às 22h
Montando o seu Google Cardboard
O público aprende a montar os seus próprios óculos feitos de papelão e experimentar essa interface com os aplicativos celulares. Ao final, levam seus óculos para casa. 7 vagas. Com Camila Gondo e Vitor Marchi.  A partir de 14 anos.
Dia 3/6, sábado, das 14h30 às 16h30

Vivências

Experiências Animadas: Realidade Virtual e Aumentada
Vivência com personagens virtuais no ambiente físico e imersão em ambientes digitais com a utilização de óculos especiais. O participante poderá interagir com objetos, personagens e animações através de diferentes técnicas e dispositivos
Com Vanessa Pereira e Francisco Arlindo Alves.
CONVIVENCIA. Grátis – Sem retirada de ingressos.
Dias 27 e 28/5, sábado e domingo, das 14h30 às 16h30
Com Joel Melo.
Dia 4/6, domingo, das 14h30 às 16h30

Bate-papos e palestras

Experiências Brasileiras em Cinema Volumétrico
Com Raquel Garbelotti, Tadeu Jungle e VJ Suave
Artistas brasileiros falam do uso de tecnologias de vídeo 360º, realidade virtual e projeção volumétrica nos seus trabalhos. Como essas novas tecnologias conversam com campos já consolidados como o documentário, a projeção urbana e o cinema de artista?
Tadeu Jungle é roteirista e diretor de cinema, TV e Realidade Virtual. Foi um dos precursores da videoarte no país.
VJ Suave é um duo de new media art formado por Ygor Marotta e Ceci Soloaga, residentes em São Paulo. Especialistas em projeção em movimento, trabalham animação quadro a quadro projetada na superfície urbana.
Raquel Garbelotti é artista e pesquisadora. Doutora pela ECA/USP em 2011. Docente na Universidade Federal do ES – UFES desde 2004. Sua pesquisa relaciona-se com os problemas da videoinstalação e o cinema de exposição. Sala de Espetáculo I. Livre.
Dia 3/6, sábado, das 19h às 20h
Realidade virtual como trajetória: observações e provocações
com Michael Naimark

A realidade virtual parece ter chegado ao mainstream repentinamente, com uma voracidade raramente vista, especialmente no Vale do Silício e em Hollywood. A arte e a ciência dos ambientes imersivos mediados possuem uma longa e rica história, da qual a realidade virtual pode ser vista como um auge revolucionário. O estado atual da realidade virtual abre espaço para que a comunidade criativa, que por tanto tempo esteve envolvida no seu desenvolvimento, tenha um impacto excepcional. Michael Naimark possui uma vasta experiência participando de projetos de pesquisa e de arte que antecederam a popularização da realidade virtual em décadas. Ele vai apresentar alguns de seus trabalhos e abordar alguns pontos de interesse contemporâneos tais como presença e abstração, produtores e participantes, entusiasmo e criticidade, e globalização e hegemonia. Nichos no ecossistema de realidade virtual, particularmente os sistemas interativos baseados na captura do mundo real por câmeras também serão temas abordados.                                                           Dia 4/6, domingo, das 14h30 às 15h15
Sala de Espetáculo I. Livre.

Fotografia não-humana: desdobrando o “nosso” mundo
com Joanna Zylinska

Hoje, na era dos drones, das imagens de satélite, da composição multicâmera, do escaneamento 3D e da fotogrametria, a captura de imagens está cada vez mais desligada da agência e da visão humana. Essa prática abre diferentes formas de temporalidade e espacialidade: imagens agora podem literalmente chegar ao fim do nosso mundo. O conceito de “fotografia não-humana” busca expandir a ideia antropocêntrica de fotografia de modo a abarcar formas de produção de imagem das quais o ser humano está ausente: desde exemplos de alta tecnologia como câmeras de controle de tráfego, fotografia espacial e o Google Earth, até os processos de impressão de duração profunda, tais como a fossilização. Joanna Zylinska irá argumentar que mesmo as imagens que são produzidas pelo humano – sejam artistas ou amadores – envolvem um elemento não-humano, mecânico. Elas implicam a execução de algoritmos técnicos e culturais que dão forma tanto aos nossos aparelhos de produção de imagem quanto às nossas práticas de visualização. Ao mesmo tempo, a produção de imagens se encontra cada vez mais mobilizada para a documentação da precariedade do habitat humano. Por meio da publicidade, de pôsteres de campanha e do Instagram, vemos como ela nos auxilia a imaginar uma vida e um mundo melhores.

Joanna Zylinska é escritora, professora, artista e curadora. Ela é professora titular de Novos Meios e Comunicação de Goldsmiths, Universidade de Londres. Possui 6 livros publicados, incluindo Nonhuman Photography (MIT Press, 2017, no prelo), Minimal Ethics for the Anthropocene (Open Humanities Press, 2014, disponível on-line) e Life after New Media: Mediation as a Vital Process (com Sarah Kember; MIT Press, 2012). Traduziu o tratado filosófico de Stanislaw Lem, Summa Technologiae (Minnesota UP, 2013). Em 2013, foi diretora artística de Transitio_MX05 ‘Biomediations’, o festival bienal de novos meios na Cidade do México.
Dia 4/6, domingo, das 15h15 às 16h
Sala de Espetáculo I. Livre.
Filmando a terceira dimensão
com Mei-Ling Wong

A realização cinematográfica entrou na dimensão espacial. Recentes desenvolvimentos no campo da computação e da fotografia possibilitam a criação de imagens que não são mais planas e sim representações tridimensionais da realidade. Essas técnicas surgiram em laboratórios de pesquisa e companhias de alta tecnologia, mas já se encontram nas mãos de realizadores e artistas. Nesse contexto de novas mídias, a realização cinematográfica passa a depender da colaboração de cineastas com engenheiros e artistas capazes de traduzir suas propostas em sistemas computacionais. O estúdio Scatter é um dos principais responsáveis por essa popularização. Seus fundadores criaram o Depthkit, um dos primeiros sistemas open source para realização de filmagens volumétricas. Nessa palestra, será abordado o processo de produção de alguns de seus projetos em realidade virtual, que vieram a ser exibidos em festivais de cinema como Sundance e TriBeCa.

Mei-Ling Wong é produtora multi-disciplinar. É co-fundadora e gerente de produção do estúdio Scatter, pioneiro em cinema volumétrico. Sua experiência na produção tanto de comerciais quanto de instalações interativas a possibilita combinar disciplinas tradicionais da produção numa ampla gama de meios, tais como filme, efeitos visuais, motion graphics, performances ao vivo, instalações sensoriais e narrativas documentais contadas por meio das lentes da realidade virtual.
Dia 4/6, domingo, das 16h às 16h45
Sala de Espetáculo I. Livre.

Filmes

MOSTRA DE VÍDEOS 360O
Uma seleção de trabalhos em vídeo imersivo utilizando visores especiais. A programação inclui o lançamento mundial do documentário Fogo na Floresta, de Tadeu Jungle, reportagens imersivas realizadas pela Vice Brasil e um vídeo experimental da artista alemã Claire Hentschker.
Espaço de Tecnologia e Artes.
Grátis – Sem retirada de ingressos.
Dias 3 e 4/6 Sábado, das 18h às 21h. Dia 4/6, domingo, das 13h às 19h

Programação de filmes
O público pode escolher o que quer assistir no seu óculos.

Rio de Lama e Fogo na Floresta, de Tadeu Jungle
Rio de Lama (Brasil, 2016, 9’34)

www.riodelama.com.br
Documentário de curta-metragem realizado em realidade virtual sobre o rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG). O filme mostra o que restou da vila de Bento Rodrigues e contrapõe a paisagem arrasada com as alegres memórias de seus moradores. Direção: Tadeu Jungle. Produção: Marcus Nisti, Rawlinson Peter Terrabuio, Tadeu Jungle. Realização: Academia de Filmes, Beenoculus, Maria Farinha Filmes.

Fogo na Floresta (Brasil, 2017, 6’55”)
www.socioambiental.org
Documentário de curta-metragem realizado em realidade virtual sobre o povo Waurá, uma etnia indígena de 560 pessoas que vive no Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso. O filme passeia pelo cotidiano da aldeia Piyulaga e revela que os índios mantêm sua cultura tradicional ao mesmo tempo em que incorporam hábitos e tecnologias dos “brancos”. O curta é um alerta para o fogo que, devido ao desmatamento no entorno do parque e ao agravamento das mudanças climáticas, saiu do controle e ameaça as florestas e a vida no Xingu.
Direção: Tadeu Jungle. Produção: André Villas Boas, Bruno Weis, Paulo Junqueira e Tadeu Jungle. Som: JUKE!  Aplicativo: Beenoculus. Produção: Academia de Filmes. Realização: Instituto Socioambiental (ISA), 2017, Brasil. Duração: 6’55”. Cor, estéreo.

VICE BRASIL 360 O

Por dentro da Torcida do Palmeiras (Brasil, 2016, 3’40”)
www.vice.com/pt_br/article/vice-360-por-dentro-da-torcida-do-palmeiras
Acompanhamos as muitas caras dos torcedores do clube alviverde dentro e fora do estádio. Do lado de dentro: bexigas brancas, cantos ensaiados, aplausos, óculos escuros e cabelos impecáveis; do lado de fora, fumaça verde, bateria, latas de cerveja, cheiro de erva, muitos bebaços, gente sem camisa, tattoos, gritos de guerra. Tudo parecia festa, mas também havia o caos.
Direção de conteúdo: Fernanda Negrini. Direção criativa: Gabriel Klein.

Por dentro da Vila Mimosa (Brasil, 2016, 2’34”)
www.vice.com/pt_br/article/vice-360-por-dentro-da-vila-mimosa
De todos os ângulos, a Vila Mimosa é o que parece: uma das áreas de prostituição mais famosas e antigas da cidade do Rio de Janeiro. Diariamente, cerca de mil prostitutas passam pela Rua Sotero dos Reis e arredores, na zona norte. Durante os Jogos Olímpicos, a expectativa de clientes gringos dispostos a pagar R$ 65 por meia hora de sexo foi soterrada pela realidade: o lugar, a 25 km de distância da Vila Olímpica, ficou vazio.
Direção de conteúdo: Fernanda Negrini. Direção criativa: Gabriel Klein.

Por dentro do ato Fora Temer (Brasil, 2016, 3’18”)
www.vice.com/pt_br/article/por-dentro-do-ato-fora-temer-04-09-2016
A VICE esteve no ato intitulado “Fora, Temer” do dia 04/09/16, em São Paulo, para registrar os acontecimentos em vídeo de 360º. Embora tenha transcorrido pacificamente, a manifestação contra o presidente Michel Temer, que foi da Avenida Paulista até o Largo da Batata, em Pinheiros, foi dispersada violentamente pela Polícia Militar (PM), que utilizou bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, balas de borracha e jatos d’água.
Direção de conteúdo: Fernanda Negrini. Direção criativa: Gabriel Klein.

Por dentro da Festa de Santa Bárbara (Brasil, 2016, 4’00”)
www.vice.com/pt_br/article/vice-360-por-dentro-da-festa-de-santa-barbara-em-codo-maranhao
A magia cerca não só o imaginário social como também os ares de Codó, pequena cidade localizada no Maranhão, norte do Brasil, conhecida como “Terra dos Encantados”. Ali, todo dia 4 de dezembro começam os festejos em homenagem à Santa Barbara. E foi entre saias rodadas, turbantes de rendas, muito batuque e cânticos africanos que a VICE instalou suas câmeras para gravar a celebração em 360º.
Direção de conteúdo: Fernanda Negrini. Direção criativa: Gabriel Klein.

 

Por dentro da Batalha de Santa Cruz (Brasil, 2016, 5’20”)
www.vice.com/pt_br/article/vice-brasil-360-por-dentro-da-batalha-do-santa-cruz
Tem dez anos que os entornos do metrô Santa Cruz é o endereço da Batalha do Santa Cruz, uma das batalhas de improvisação mais importantes do hip-hop paulistano e, se pá, do Brasil. Lá já rimaram gente como Emicida, Rashid, Marcello Gugu, Projota, Bitrinho, Flow MC e Bárbara Bivolt e, até hoje, o lugar reúne semanalmente dezenas de manos e minas para um duelo de rimas.
Direção de conteúdo: Fernanda Negrini. Direção criativa: Gabriel Klein.

Catacombs II, de Claire Hentschker
Catacombs II (EUA, 2017, 8’)

Catacombs II é uma reconstrução em vídeo 360o de um shopping norte-americano que já esteve abandonado, e hoje se encontra destruído. O vídeo é realizado a partir de vídeos encontrados no YouTube e de um processo chamado fotogrametria. Fotogrametria é a extração de dados volumétricos a partir de imagens bi-dimensionais. Sequências de quadros de vídeos encontrados no YouTube foram utilizadas para, desta forma, criar modelos tri-dimensionais fragmentados de espaços que já não mais existem. A trilha original é de R. Luke DuBois.
Direção: Claire Hentschker.  Composição Musical: R. Luke DuBois.

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