Primeiro longa-metragem do ilustrador italiano Lorenzo Mattotti, A Famosa Invasão da Sicília pelos Ursos conquistou a crítica especializada

Em busca do filho desaparecido, o rei dos ursos conduz o seu clã às montanhas da Sicília, onde acaba invadindo uma planície habitada por humanos. Com o auxílio de seus seguidores e de um mágico, o protagonista consegue reencontrar o filho, mas aprende que seu povo não foi feito para viver no país dos homens.

Esta é a premissa da famosa animação A Famosa Invasão da Sicília pelos Ursos, indicada em seis categorias no Festival de Cannes 2019, ao César 2020 de melhor animação e vencedora do Prêmio da Fondation GAN pour le Cinéma. A obra (primeiro longa-metragem do ilustrador italiano Lorenzo Mattotti) é baseada em um romance do escritor italiano Dino Buzzati e tem trilha sonora assinada por René Aubry.

A produção também é uma das atrações do Festival Varilux de Cinema Francês 2020, realizado nos cinemas de todo o país entre os dias 19 de novembro e 3 de dezembro. A programação reúne um clássico e 17 longas inéditos e recentes da cinematografia francesa. Os gêneros se alternam entre documentário, comédia, drama e animação. O Festival é uma realização da produtora Bonfilm e tem, como patrocinador principal, a Essilor/Varilux, além do Ministério do Turismo, Secretaria Especial de Cultura, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura.

Carreira vitoriosa

Laureado com diversos prêmios por seus desenhos – incluindo o Grande Prêmio da Bienal de Ilustração de Bratislava (BIB), em 1993 – Lorenzo Mattotti teve trabalhos publicados em revistas consagradas de todo o mundo, como a Cosmopolitan, Vogue, The New Yorker e Vanity Fair. Em 2005, o artista passou pelo Brasil para conhecer e retratar o carnaval carioca. No ano seguinte, voltou ao país para autografar o resultado de seu trabalho, o livro Carnaval – Cores e Movimentos.

As primeiras histórias do realizador de A Famosa Invasão da Sicília pelos Ursos saíram no fanzine francês Biblipop e na revista Circus. Seu primeiro livro (Alice Brum-Brum, uma adaptação livre de Alice no País das Maravilhas) chegou ao prelo em 1977. Embora tenha sido inicialmente influenciado pelos quadrinhos underground dos EUA, o artista, a partir de 1982, com Il Signor Spartaco, passou a um universo bastante pictórico apoiado no uso de tinta a óleo e pastéis.

A partir de 1984, passou a contribuir com a revista Alter Alter a HQ Fuochi, onde se consagrou como “um dos desenhistas mais marcantes da nova geração italiana”. Seu primeiro longa tem recebido críticas muito positivas. Para o jornalista Guillemette Odicino, da Télérama (revista cultural francesa), A Famosa Invasão da Sicília pelos Ursos é “uma fábula ecológica que põe frente a frente a inocência dos animais e a corrupção política”. Já para Olivier Pélisson, do site francês Bande à part, é “uma pequena joia do cinema de animação a serviço de uma poderosa parábola sobre a obsessão pelo poder”.