O Festival Assim Vivemos será realizado online
Com curtas, médias e longas de 11 países, Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência acontece até o dia 14 de abril
Realizado desde 2003, o Assim Vivemos – Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência, é um evento que busca promover a reflexão sobre temas como preconceito, invisibilidade social, mobilidade e inclusão. Online e gratuita, a edição deste ano acontece até 14 de abril e brinda o público com uma seleção de 14 filmes premiados e consagrados, além de dois títulos brasileiros inéditos.
Os curtas, médias e longas deste ano vêm de 11 países: Bielorrússia, Brasil, Canadá, Espanha, França, Irã, Israel, Moçambique, Mianmar, Rússia e Tailândia. A cada dia, o festival terá uma temática: “Arte e Diversidade”, “Escola e Vida Independente”, “Vida Amorosa e Autonomia” e “Autismo e Neurodiversidade”. As temáticas apresentadas nos filmes também serão discutidas em debates realizados após a segunda sessão de cada dia e contarão com as participações de pessoas com deficiência e profissionais que lidam com os temas abordados nas produções.
Maior alcance
Graciela Pozzobon, diretora do festival, afirma que esta versão online será muito benéfica ao evento, que assim ganhará um público ainda maior. “Sempre tivemos uma demanda muito grande de pessoas e instituição querendo os filmes do Assim Vivemos para exibir nos seus espaços de trabalho”, conta Graciela. “Profissionais de outros estados onde o festival presencial não percorre solicitavam o acervo, porém, por questões de direitos de exibição, nunca podíamos atender. Agora, com a versão online, estamos tendo a chance de ampliar esse alcance”.
A organização trabalha para que o Assim Vivemos online seja realizado em um ambiente virtual acessível e com recursos de acessibilidade comunicacional. Para participar, basta entrar no site do festival (www.assimvivemos.com.br). Os filmes estarão reunidos em sessões diárias, às 15h e 17h.
Na programação, destacam-se obras como Quem É O Último? (Bielorrússia, 2018), dirigido por Siarhei Isakov, que retrata um projeto teatral no qual crianças com e sem autismo atuam juntas no palco, mostrando como os professores trabalham e como conseguem unir jovens com diferentes necessidades emocionais, físicas e mentais.
Já no brasileiro Estrangeiros (2013), de Sônia Machado Lima, a fala tem poder e se impõe como forma superior de comunicação, forçando pessoas surdas a aprenderem a repetir sons que não conseguem ouvir.
Histórias motivadoras
De Lucca Messer, Mona (Brasil, 2019) dá destaque à primeira mulher negra cadeirante a se apresentar no Teatro Municipal de São Paulo. O filme ainda versa sobre a superação de preconceitos cotidianos contra pessoas negras na maior cidade da América do Sul. E em Stimados Autistas (Brasil, 2020), de Cristiano de Oliveira, adultos autistas diagnosticados tardiamente falam com outro autista sobre como foi crescer sem o diagnóstico, e como foi a busca por profissionais e sobre as adaptações feitas após descobrirem que são autistas.
Somos Todos Daniel, produção canadense realizada por Jesse Heffring, tem como protagonistas alunos portadores de deficiências intelectuais, emocionais e comportamentais que estão envolvidos com o ensaio de uma peça teatral. De Lola Barrera e Iñaki Peñafiel, o espanhol O Que Tem Debaixo do Seu Chapéu? versa sobre a escultora Judith Scott, que trabalha em um espaço pouco usual: o isolamento causado por sua deficiência (ela nasceu com Síndrome de Down). E no francês A Largura e o Comprimento do Céu, de Dominique Margot, o protagonista é Jean-Claude Grenier, portador da condição conhecida como “ossos de vidro”.
Recursos de acessibilidade
De Corpo e Alma (Moçambique, 2010), dirigido por Matthieu Bron, fala sobre três jovens com deficiência física que vivem em um subúrbio de Maputo, capital de Moçambique. Eles dão exemplo de autoestima, perseverança e criatividade para superar os desafios físicos e emocionais do cotidiano.
Uma Menina em 10 x 10 – A Girls in 10 x 10 (Myanmar, 2017), de Mai May Sakarwah, Mary e Yu Par Mo Mo, conta a história de uma criança abandonada pela mãe e adotada por uma monja e seu filho. E no russo Ver e Crer – Seeing is Believing (2017), de Tofik Shakhverdiev, o público acompanha a trajetória de Sergey, que ficou cego aos oito anos de idade e consegue jogar futebol por se capaz de perceber a trajetória da bola por meio da audição.
Vale lembrar que tanto os filmes como os debates contarão com recursos de acessibilidade que incluem audiodescrição e legendas LSE (para surdos e ensurdecidos), além de interpretação em LIBRAS.