AFINAL, O QUE É “ISO”?
A qualidade de uma imagem depende de muitos outros fatores, além da quantidade de pixels e o ISO é um deles
Texto: Ricardo Bruini
Imagens: Divulgação
Enganam-se os que pensam que a qualidade de uma câmera resume-se à quantidade de pixels que compõe a imagem por ela gerada. Uma série de parâmetros – tais como: latitude de exposição e definição de cores, entre outros – também influi na qualidade técnica da imagem. Dois destes parâmetros, que nem sempre são levados tão a sério quanto deveriam, são a sensibilidade luminosa e o ruído.
Para esclarecer o assunto, é importante saber que toda câmera possui uma limitação com relação à quantidade de luz da qual precisa para conseguir registrar uma imagem. A isto damos o nome de “sensibilidade”. Algumas câmeras conseguem captar imagens de boa qualidade somente em cenas com níveis relativamente altos de luminosidade. Outras são capazes de registrar imagens em cenas iluminadas com níveis um pouco mais baixos.
De forma geral, as câmeras são menos sensíveis que os olhos humanos. Sendo assim, um ambiente no qual nossos olhos conseguem visualizar objetos com facilidade pode não ter luz suficiente para sensibilizar o sensor da câmera. Um ambiente iluminado por velas, por exemplo, serve muito bem para o olho humano, mas não será registrado de forma satisfatória pela maioria das câmeras (salvo por aquelas fabricadas especificamente para ambientes escuros).
De qualquer forma, sempre será necessário um nível mínimo de luz para que uma câmera possa efetuar seu trabalho. E há alguns padrões internacionais para determinar o quanto um equipamento é sensível à luz.
Sensibilidade
Normalmente, a sensibilidade é uma característica inerente a cada modelo de câmera, decidido no seu projeto inicial e mantido durante a fabricação dos sensores e demais componentes eletrônicos. Portanto, o sensor de uma câmera não pode, em tese, possuir maior sensibilidade do que aquela para a qual foi projetado, desenvolvido e fabricado.
Embora sejam oferecidos artifícios que consigam aumentar a sensibilidade do sensor e o nível do sinal de vídeo, este recurso sempre irá adicionar ruído à imagem captada e, por consequência, degradar sua qualidade. Este aumento forçado da sensibilidade é oferecido na forma de ajustes como o ISO ou o ganho.
Relação sinal-ruído
Na verdade, é comum os fabricantes usarem a estratégia de despacharem o equipamento da fábrica com uma leve amplificação do sinal. Dessa forma, a câmera é vendida como se tivesse uma sensibilidade um pouco superior à que realmente tem. Por isso (e por outros fatores) é possível observar ruído mesmo em imagens captadas em configuração padrão de fábrica (standard).
Este aumento da real sensibilidade do equipamento pode ser conferido nas especificações de relação sinal-ruído (também chamada de S/N ou SNR), contidas no manual técnico e, normalmente, expresso com a unidade de medida decibel (dB). Como é um parâmetro obtido pela divisão entre o ruído de fundo e o sinal de vídeo, quanto maior seu valor, menor será a granulação e a degradação da imagem e mais “limpa” esta parecerá ao espectador final.
Também por este motivo, a unidade de medida utilizada permanece sendo o decibel (normalmente, utilizado para medição de ruído), mas que, no caso da S/N possui valores inversamente proporcionais. No caso da relação sinal-ruído, portanto, quanto maior, melhor. O valor ideal seria 100dB, o que significaria que 100% da imagem é composto por sinal de vídeo. Mas este é um valor puramente teórico (ao menos, por enquanto). É mais comum encontrarmos valores entre 65dB e 70dB.
Valores abaixo de 60dB indicam uma câmera com imagem bastante ruidosa.
Alguns modelos de câmera oferecem uma opção que permite ao usuário utilizar valores negativos de ganho e, com isto, disfarçar uma relação sinal-ruído ruim. Evidentemente, ao se baixar o ganho para valores negativos, a sensibilidade da câmera também cai.