MELODRAMA TROPICAL
Dirigido por Karim Aïnouz, o premiadíssimo A Vida Invisível de Eurídice Gusmão tem estreia no Brasil marcada para o mês de outubro
Por: Eduardo Torelli
Cúmplices desde a infância, as irmãs Guida e Eurídice acabam se separando quando a primeira é expulsa de casa após engravidar de um namorado. Elas seguem suas vidas da maneira que podem, sempre tentando se reencontrar. Esta é a premissa do drama A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, que marcou um “golaço” para o Brasil no Festival de Cannes, ao conquistar o prêmio de Melhor Filme na mostra Un Certain Regard. O longa é produzido por Rodrigo Teixeira e continua a fazer uma excelente carreira no exterior, tendo conquistado, também, o CineCoPro Award no Festival de Munique.
O elenco eclético reúne talentos como Carol Duarte, Julia Stockler e Fernanda Montenegro (em uma participação especial). A produção é da RT Features, de Rodrigo Teixeira, em coprodução com a alemã Pola Pandora, Sony Pictures Brasil, Canal Brasil e Naymar. A estreia em nossos cinemas está marcada para outubro deste ano.
VALOR CRIATIVO
“Nesses anos todos em que venho trabalhando com o mercado internacional, sempre percebi o valor criativo que cooperações entre talentos de diferentes países trazem aos projetos”, afirma Teixeira. “Os filmes nascem universais e, aos poucos, na RT, começamos a investir em projetos de coproducoes oficiais, primeiro do Brasil com a Argentina e o Uruguai e, depois, com o Chile. Agora, com o longa de Karim Aïnouz, fizemos a primeira coprodução com a Alemanha, dividindo a nacionalidade”.
Teixeira ainda ressalta que o prêmio conquistado em Munique reafirma sua convicção de que o caminho para a produção é global, o que também passa pelo cinema brasileiro. Além de Cannes e Munique, o filme esteve nas seleções oficiais dos festivais de Sydney, do Midnight Sun, na Finlândia, e de Karlovy Vary, na República Tcheca, e será exibido no Transatlantyk Festival, na Polônia, e no Festival de Cinema da Nova Zelândia.
Uma livre adaptação do romance homônimo de Martha Batalha, A Vida Invisível de Eurídice Gusmão também agradou à crítica internacional, que teceu elogios à produção. David Rooney, do “The Hollywood Reporter”, definiu o longa como “um drama assombroso que celebra a resiliência das mulheres, mesmo quando elas toleram existências combalidas”. Rooney ainda destacou as texturas brilhantes e os sons exuberantes do filme, “que servem para intensificar a intimidade do deslumbrante melodrama de Karim Aïnouz sobre mulheres cujas mentalidades independentes permanecem inalteradas, mesmo quando seus sonhos são destruídos por uma sociedade patriarcal sufocante”. A “Variety” foi além, afirmando que se trata de “um forte concorrente do Brasil na corrida ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro”.
EMOÇÃO E BRASILIDADE
“Eu sempre quis fazer um melodrama que pudesse ser relevante para os nossos tempos”, afirma Karim Aïnouz. “Como eu poderia me engajar com o gênero e ainda torná-lo contemporâneo e brasileiro? Como eu poderia criar um filme que fosse emocionante como uma grande ópera, em cores florescentes e saturadas, maior que a vida? Eu me lembrava de Janete Clair e das novelas lá do início. Eu queria fazer um melodrama tropical filmado no Rio de Janeiro, uma cidade entre a urbis e a floresta”.
Filmado nos bairros da Tijuca, Santa Teresa, Estácio e São Cristóvão, A Vida Invisível de Eurídice Gusmão tem fotografia assinada pela francesa Hélène Louvart, cujos trabalhos anteriores incluem Pina, de Wim Wenders, The Smell of Us, de Larry Clark, As Praias de Agnes, de Agnès Varda, e Lázaro Feliz, de Alice Rohwacher. Já a montagem ficou a cargo da alemã Heike Parplies, responsável pela edição do longa-metragem Toni Erdmann.
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