Dicas de Pedro Calloni

Multi instrumentista revela os segredos da boa mixagem de som

Confira as dicas do produtor e engenheiro Pedro Calloni (que trabalhou com grandes nomes da música, como Lukas Nelson e John Alagia) sobre mixagem

Produtor, engenheiro e multi instrumentalista, o carioca Pedro Calloni (hoje radicado nos EUA) participou das gravações de mais de 30 álbuns de diversos artistas – incluindo The Lost Boy, indicado ao Grammy 2019 como Melhor Álbum – e trabalhou com nomes de grande expressão, como Dave Mathews Band, Jason Mraz, Lukas Nelson e John Alagia.

Atualmente, divide seu tempo entre sessões de gravação para orquestras, bandas e vocais no The Village Studios (por onde já passaram nomes como Ray Charles, Rolling Stones, Lady Gaga e John Mayer) e atuando como engenheiro de mixagem e produtor freelance. A seguir, o profissional dá cinco dicas fundamentais sobre mixagem e soluções e ferramentas envolvidas nessa atividade. 

Quais são os melhores programas utilizados pelos engenheiros de mixagem?

Atualmente, o trabalho de Pedro Calloni com mixagem é feito totalmente “in the box” – ou seja, dentro do DAW (Digital Audio Workstation). “Gravadoras e artistas trabalham muito mais rápido e esperam alterações, STEMs (canais individuais de uma mixagem, submixados) e qualquer tipo de entrega de arquivo em questão de minutos”, conta o profissional. “Então, esse tipo de sistema me permite ter mais flexibilidade sem sacrificar a qualidade sonora. Uso muitos plugins populares, como FabFilter, UAD e Waves, e alguns outros menos conhecidos, como os da XLN, Kush e PSPaudioware”. 

Analógico ou digital? 

O engenheiro de som acredita que é possível chegar a resultados excelentes no meio digital sem perder a dimensão e profundidade de equipamento FabFilteros analógicos. Nesse aspecto, ele é um adepto de plugins de saturação, como Vertigo VSM-3 e PSP Vintage Warmer, e a simulação da Studer A800 da UAD. “O VSM-3 lhe dá a possibilidade de aplicar saturação de harmônicos de segunda e terceira ordem separadamente, em diferentes bandas de frequência e com processamento mid/side”, afirma Calloni. “Gosto muito no mix bus e bus de bateria, e também uso como uma mandada com os harmônicos em solo em mid/side pra abrir a imagem. Como o VSM-3, a Studer A800 também é uma emulação de um equipamento analógico, mas isso dito, não me interesso muito pelo quão fiel plugins são comparados ao equipamento original, mas sim, como funcionam em contexto. Uso a Studer rodando em 30 ips para dar mais peso aos graves e gosto da GP9 pra trazer frequências médias para frente sem agressividade. Vale a pena mencionar, também, o Omega 458A, da Kush Audio, que é simples e bastante efetivo”. 

Plugins recomendados

“Uso um pouco de tudo, desde clássicos que estão no mercado há anos, como Waves Renaissance, Trans-X, Soundtoys, até ferramentas mais inovadoras, como o RC-20 da XLN Audio e Pi da SoundRadix”, revela o engenheiro. “Recomendo, mais do que qualquer coisa, não adquirir ferramentas sem necessidade. Com um novo plugin, estude todas as capacidades, entenda como e se funciona apra você, teste em diferentes aplicações e só então pense em investir em uma nova ferramenta. É importante lembrar que o objetivo final é elevar a gravação da composição, não exibir uma técnica de mixagem. No final das contas, sempre tento focar na música como um todo”. 

Que outras ferramentas são úteis no processo de mixagem?

Para o especialista, mais importante do que plugins e outros equipamentos é estar familiarizado com o som da sala e os monitores. “A qualidade do sistema de monitoração certamente faz diferença, mas é mais importante conhecer bem o seu sistema, independentemente de qual seja, dentro da sala. Ouvir muitas referências ajuda a saber quais são as particularidades e deficiências do seu ambiente e informa como mixar e o que levar em conta durante esse processo”. 

O que faz um engenheiro de som se destacar em sua área?

Embora os engenheiros utilizem métodos diferentes (e nenhum seja necessariamente melhor do que o outro), eles devem ter em comum o domínio pleno do método escolhido. “Seja analógico, digital ou híbrido, é importante entender como essas ferramentas afetam o resultado final”, conclui Calloni.

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