Com exibições presenciais e online, o ANIMAGE segue até 17 de outubro
Além de curtas e longas de animação premiados, evento oferece masterclasses e oficinas gratuitas
Segue até o dia 17 de outubro, em formato híbrido, o 11º ANIMAGE – Festival Internacional de Animação de Pernambuco, que reúne um recorte seleto e bem diversificado da produção local dedicada ao gênero. Além de longas e curtas-metragens, a programação conta com masterclasses, oficinas, entrevistas e painéis, oferecidas ao público de forma gratuita.
“Nosso perfil sempre foi mais artístico e menos industrial e mercadológico”, destaca Júlio Cavani, curador do festival. “Buscamos oferecer ao público filmes que se destaquem por uma expressão pessoal marcante, autoralidade e uma estética artística evidente, nas mais diferentes técnicas.” Estabelecido como um das mais importantes iniciativas do Brasil neste segmento, o festival tem exibições online e sessões presenciais (estas, realizadas no histórico Teatro do Parque, tradicional reduto da cinefilia do Recife).
Restauração
Fundado em 1915 e um dos únicos teatros-jardim do País, o Teatro do Parque passou por uma restauração realizada ao longo de dez anos. A 11ª edição do ANIMAGE é a primeira após a interrupção provocada pela pandemia do Covid-19. A ocupação do espaço é limitada a 300 lugares, atendendo aos protocolos de prevenção, e o público é orientado sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras. Além disso, está assegurado o distanciamento social entre as poltronas, assim como o uso de álcool em gel.
1200 títulos foram inscritos para a Mostra Competitiva, que premia os melhores filmes selecionados pelo júri oficial nas categorias: Melhor Curta-Metragem (prêmio em dinheiro no valor de R$ 4 mil), Melhor Curta Infantil, Melhor Curta Brasileiro, além da melhor Direção, Roteiro, Direção de Arte, Técnica e Som. A Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA) ainda irá premiar o melhor curta brasileiro escolhido por um júri indicado pela entidade.
Formada pela animadora Marila Cantuária, a curadora e diretora Patrícia Lindoso, o quadrinista e animador Rogi Silva e o curador-geral do festival, Júlio Cavani, a Comissão de Seleção da Mostra Competitiva escolheu 49 curtas (oriundos de 26 países) para compor a programação.
Temáticas diversas
Um dos destaques é Genius Loci, do francês Adrien Mérigeau, um dos curtas animados mais premiados do ano passado. O filme mostra um dia na vida de Reine, jovem solitária imersa em um caos urbano de ares caleidoscópios. Também foi incluída na mostra a produção Affairs of The Art, de Joanna Quinn, uma das cineastas mais proeminentes do Reino Unido no segmento de animação. Totalmente feito com desenho em papel, o filme, também premiado em Clermont-Ferrant, acompanha Beryl, uma mulher que tem obsessão em desenhar. Já Machini (curta-metragem realizado em stop-motion) versa sobre os males causados ao meio ambiente pela mineração predatória e é assinado pela dupla Tétshim e Frank Mukunday.
O Brasil é representado por títulos como Carne (trabalho de estreia de Camila Kater), com cinco segmentos que abordam as relações de diferentes mulheres com os próprios corpos, da infância à idade adulta, e Magnética, de Marco Arruda, que marca o retorno ao festival da Otto Desenhos Animados, uma das mais emblemáticas produtoras de animação do Brasil.
A programação de longas inclui obras como On-Gaku: Our Sound, de Kenji Iwaisawa (sobre três delinquentes que decidem formar sua própria banda de rock, mesmo sem saberem tocar qualquer instrumento) – baseado em um mangá de Hiroyuki Oohashi e totalmente animado à mão –, e Emidoinã, narrativa audiovisual criada por André Abujamra, cuja história visual foi criada a partir do novo disco do artista.
Por sua vez, Absolute Denial, de Ryan Braund, fala sobre um gênio da computação que sacrifica a própria vida para construir um supercomputador com um poder inigualável. A programação apresenta, ainda, o longa Cryptozoo, do quadrinista e animador Dash Shaw.
Mostras especiais
O leque de atrações se completa com nove mostras especiais de curtas que sintetizam o melhor da produção autoral da animação no Brasil e no mundo. Os títulos da Mostra Africana (sempre um sucesso de público no festival) foram selecionados pela curadora convidada, Kalor Pacheco. O evento ainda celebra o surgimento de novas séries pernambucanas de animação para crianças na Mostra Foi Assim e Foi Assado e exalta a criatividade dos realizadores mexicanos na Mostra Animasivo.
Atividades formativas também são oferecidas, com o propósito de promover e fomentar a produção local de animação. São cinco oficinas, que acontecem de 8 a 17 de outubro, ministradas por profissionais com larga experiência, que atendem diferentes perfis de público, entre crianças, iniciantes e profissionais.
Nomes relevantes da animação do Brasil e do mundo compartilham suas experiências e conhecimentos em masterclasses gratuitas. Daniel Bruson, diretor de animação e artista gráfico, fala sobre processos criativos, enquanto o renomado diretor César Cabral, conhecido por seu trabalho em Dossiê Rê Bordosa, aborda a direção e animação para o stop-motion.