EM BUSCA DA FAMA

Por: Eduardo Torelli

Realizado com o apoio da Canon do Brasil (que cedeu uma câmera EOS C500 e lentes EF Cinema Prime à produção), comédia O Galã mostra o lado menos sedutor do showbiz

A busca pela fama a qualquer preço é um tema que já rendeu bons dramas e comédias. Em O Galã, o diretor Francisco Ramalho Jr. optou pela segunda vertente, entregando ao público uma trama movimentada, divertida e repleta de momentos inspirados. Distribuído pela O2 Films, o longa é um programa sob medida para quem procura um entretenimento leve e de qualidade, valorizado por um bom elenco (que inclui nomes famosos do cinema e da TV, como Thiago Fragoso, Fiuk e Luiz Henrique Nogueira). É exatamente o tipo de atração que costuma cair no gosto dos brasileiros, que têm uma predileção por comédias populares.

Também roteirista de seus filmes, Francisco Ramalho Jr. Tem uma carreira pontuada por sucessos e premiações. Com uma carreira extensa e diversificada (além de diretor, ele também já exerceu as funções de distribuidor e produtor executivo e trabalhou com ícones do Cinema Nacional, como Hector Babenco), ele emplaca seu décimo longa-metragem como realizador com O Galã. Outros de seus trabalhos neste formato são O Cortiço (1978), Besame Mucho (1987), Canta Maria (2006/2007) e Caju com Pizza (2014). Já como produtor, seus créditos incluem Cristina quer Casar (2003), O Casamento de Romeu e Julieta (2005) e Jogo Subterrâneo (2005), entre outros.

RELAÇÃO CONFLITUOSA

O protagonista de O Galã é um ator sem muita popularidade, Julio (Fragoso), que nunca conseguiu ir muito longe em sua busca pelo estrelato. Para tentar virar a maré a seu favor, o personagem recorre a um meio-irmão, Beto (Nogueira), que é roteirista e vive de forma meio reclusa. O problema é que a relação entre os dois não é das melhores e Beto tem um comportamento um pouco excêntrico, o que torna a convivência entre eles atribulada. Com personagens tão humanos e críveis, o longa ganha a empatia do espectador já desde as primeiras cenas.

Neste projeto, o cineasta contou com a ajuda de um antigo parceiro: o diretor de fotografia Lúcio Kodato. Os dois trabalharam juntos pela primeira vez em 1975, em um documentário de longa-metragem produzido por Ramalho (Nordeste, Cordel, Repente e Canção), e desde então uniram esforços em muitas outras obras, como Sabendo Usar Não Vai Faltar (1975), Caramuru (1978) e Canta Maria (2006). A afinação entre os profissionais pode ser comprovada em O Galã, filme em que a fotografia é grandemente responsável pelo “tom” e o “espírito” da trama.

Dois aspectos essenciais balizaram Kodato na elaboração da fotografia da produção (um projeto de orçamento modesto, no qual a funcionalidade também era um quesito importante): a agilidade nos setups – o que levou os realizadores a optarem por um gimbal nas movimentações de câmera – e o uso de grandes angulares. Também buscou-se uma luz que parecesse a mais natural possível e as filmagens ocorreram majoritariamente em locação, em lugares como o Jockey Club e o Memorial da América Latina, em São Paulo (SP).

Igualmente relevante para o resultado estético do longa foi a câmera escolhida para registrar as imagens, disponibilizada à produção pela Canon do Brasil. “Quando as negociações começaram, ficamos felizes em contribuir com um filme tão especial e o resultado foi muito além de nossas expectativas”, conta Yuri Henrique Nieto, executivo de contas de Produtos Profissionais da Canon. “A fotografia do filme surpreende pelo padrão hollywoodiano que o Lúcio conseguiu atingir utilizando nossos equipamentos, em especial as cores, que são resultado de todo o know-how da Canon, que vem desde a fotografia still até a linha Cinema EOS”.

O diretor de fotografia optou pela Canon EOS C500 pela textura, sensibilidade e peso do equipamento. Além disso, foram utilizadas lentes Canon Cinema Prime 14, 24, 35, 50, 85, 135mm (Canon do Brasil e Elitecam). “Gravamos em 4K / RAW no Odyssey”, afirma Kodato. “O Tico da HDVloc habilitou-nos o gravador para C500 em 4K/RAW, ainda com pouca possibilidade de locação deste equipamento”.

UM LUGAR AO SOL

A despeito de sua proposta principal – fazer rir –, O Galã foca em questões muito pertinentes no que se refere ao mundo da fama e do showbiz. As situações podem ser engraçadas e até absurdas, mas o filme também nos mostra como é o cotidiano das pessoas que vivem da indústria do entretenimento – uma realidade que não é feita apenas de glamour.

“Para o ator que sonha ser galã, fica evidente a dificuldade de ter um lugar ao sol na carreira, sua luta para não desistir e continuar sonhando”, conclui Ramalho. “No caso do escritor, mesmo sendo ele um fóbico maluco que gera muitos efeitos cômicos, mostro sua solidão, sua necessidade de afeto e seu sofrimento pela pressão contínua da emissora de televisão que produz a novela. E para manter a leveza, tive sempre uma câmera livre pronta para improvisar e seguir o elenco. Foi um enorme prazer dirigir atores e atrizes soltos nos sets, livres para criar e brincar”.

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