Marinheiro das Montanhas fez sua estreia no Festival de Cannes

Novo filme do diretor Karim Aïnouz é aclamado no Festival de Cannes

Marinheiro das Montanhas tem memórias biográficas de Aïnouz e, nas palavras do cineasta, “é o filme que ele sempre sonhou fazer”

Um dos nomes mais respeitados do cinema brasileiro contemporâneo, Karim Aïnouz viveu outro momento especial de sua carreira durante a estreia de seu novo filme, Marinheiro das Montanhas, no Festival de Cannes. A obra, apresentada ao público no dia 9 de julho, foi aplaudida durante 15 minutos. “Uma emoção gigante ter tido essa recepção e esses encontros que tivemos aqui hoje”, afirmou o cineasta. “O que eu poderia esperar mais de um filme do que isso? A recepção foi de um calor maior do que o calor de Fortaleza.”

A produção é um diário de viagem filmado na primeira ida de Karim à Argélia, onde nasceu o pai do diretor. Entre registros da viagem, filmagens caseiras, fotografias de família, arquivos históricos e trechos captados em super-8, a obra opera uma costura fina entre a história de amor dos pais do cineasta, a Guerra de Independência Argelina, memórias de infância e os contrastes entre Cabília (região montanhosa no norte da Argelia) e Fortaleza, cidade natal de Karim e de sua mãe, Iracema.

Companheira de viagem

A narração do filme é feita pelo próprio diretor, que lê uma carta para a sua mãe, já falecida, e que no filme se transforma em uma companheira imaginária de viagem de Aïnouz. Enquanto relata e comenta episódios da jornada, ele reativa memórias familiares e revela os muitos sentimentos contraditórios que marcam o seu percurso.

Marinheiro das Montanhas é um filme intimo, talvez seja o meu primeiro filme”, disse o realizador, que começou a idealizar o longa durante a pandemia, ao se debruçar sobre o material filmado em janeiro de 2019, quando realizou, pela primeira vez, a travessia de barco pelo Mar Mediterrâneo para Argelia e seguiu até as Montanhas Altas no norte do país.

“É o filme que sempre sonhei fazer e que só consegui realizar muitos anos depois. Essa história de amor entre os meus pais habitou meu imaginário desde que eu me entendo por gente e, de alguma forma, transformá-la em filme foi o que me levou para o cinema.”

É uma produção da VideoFilmes, com coprodução da Globo Filmes, Globo News, em associação com MPM Film, Big Sister,  Watchmen e Cinema Inflamável, e distribuição da Gullane Filmes. Marinheiro das Montanhas ainda teve com a colaboração do Projeto Paradiso, uma iniciativa filantrópica que, por meio do programa Brasil no Mundo, apoiou a participação da obra na 74ª edição do Festival de Cannes.

“Com Marinheiro das Montanhas, eu quis correr o risco de que a maturidade e a experiência me permitem”, conclui Aïnouz. “Antes de tudo, um risco artístico ao me distanciar do que sei, abrindo o projeto ao inesperado. O risco também de me ver enfrentando minhas origens.”

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