Projeto da cineasta Priscila Guedes fala sobre a “paralisia do sono”

Filme contou com a consultoria do neurocientista Fabiano de Abreu, diretor geral do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito

A “paralisia do sono” é um tema que já foi abordado em vários filmes, inclusive do gênero terror. Agora, a cineasta brasileira Priscila Guedes oferece sua própria visão do assunto em Catalepsia, projeto que poderá chegar ao Festival de Cinema de Cannes e que contou com a participação do neurocientista lusitano Fabiano de Abreu.

“Houve pessoas que foram enterradas vivas por causa disso”, afirma a diretora. “Antigamente, a medicina não tinha ferramentas, acessórios e instrumentos suficientemente sensíveis para detectar sinais de vida de algumas pessoas neste quadro”. Neste projeto, a consultoria de Fabiano de Abreu (que é diretor geral do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito), foi fundamental.  Segundo a diretora, o filme “chega aos nossos neurônios de maneira tão real que a produção de neurotransmissores relacionados ao bem-estar é aumentada”.

Tecnologias imersivas

Catalepsia está na disputa para fazer parte de uma lista que será apresentada no Festival de Cannes, dentro do novo mercado dedicado à inovação, na secção Cannes XR. Trata-se de um programa do Marché du Film, focado em tecnologias imersivas e conteúdos cinematográficos inovadores.

No filme de Priscila, a protagonista é Júlia, que um dia acorda nos Alpes Suíços com a percepção de alguém querendo entrar no aposento onde ela está. “De repente, toca o despertador e ela acorda de um sono profundo novamente”, conta a cineasta. “Mas ela já não tinha acordado? É aí que a história se desenvolve”.

A obra busca estabelecer um diálogo entre a consciência e o subconsciente, o qual é representado pela casa onde mora a personagem Júlia. Ao longo do filme, a intenção da realizadora é despertar uma série de sentimentos na plateia, principalmente por meio dos hormônios, que intencionalmente estimulados ao longo da narrativa.

Imersão na trama

Priscila Guedes é especialista em Alta Tecnologia da Imagem na Indústria Cinematográfica e Designer de Conceito de Realidade Virtual, Aumentada e Mista (Ou Realidade Estendida). A cineasta também desenvolve projetos imersivos baseada em pensamentos éticos, como O Estado da Arte em XR. Em 2021, a diretora recebeu seis prêmios de Melhor Curta-Metragem Experimental OCEAN.

Segundo Priscila, a Realidade Virtual tem a capacidade de injetar histórias (e memórias) na fisiologia humana. “Ao invés de o público estar fora do ecrã, faz parte da história, estando totalmente integrado ao conteúdo criado”, conclui a cineasta. “As produções podem, agora, gerar contribuir para libertar hormônios do bem-estar, amor (ocitocina), meditação e recompensa (dopamina), aventura (adrenalina) e até mesmo o medo, que, uma vez superado, se torna dopamina”.

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