“Cantareira” é escolhido para a seleção Cinéfondation do festival de Cannes
Dirigido por Rodrigo Ribeyro, Cantareira mostra o contraste entre a natureza e a civilização
O contraste entre a natureza e as áreas urbanas é o tema do curta-metragem Cantareira, dirigido por Rodrigo Ribeyro. A obra do cineasta paulistano foi escolhida para integrar a seleção Cinéfondation de 2021 (focada em novos diretores) do Festival de Cinema de Cannes. Uma vitória e tanto para Ribeyro, que realizou o filme como um trabalho de conclusão de curso da Academia Internacional de Cinema de São Paulo.
A dicotomia entre os panoramas urbanos e rurais é perfeitamente capturada na fotografia de Dani Drummond e na direção de arte de Gabriela Taiara, um trunfo da produção que foi notado pela curadoria da Cinéfondation. Este ano, o Festival de Cannes acontece entre os dias 06 e 17 de julho.
Processo criativo
Orgulhoso por ter sua obra selecionada para uma competição cujo objetivo é inspirar e dar apoio à nova geração de realizadores, Rybeiro definiu o feito como “uma notícia que dá energia”. Lembrando que a seleção (composta por 15 a 20 curtas) avaliou trabalhos de candidatos do mundo todo. O sucesso do projeto é resultado de um processo criativo que aborda as nuances da capital paulistana que, de tão intensas, reverberam em territórios vizinhos.
“O filme acompanha uma mudança que, hoje, acontece na Serra da Cantareira”, diz Rybeiro. “Há um impacto econômico, ambiental e social que tem seus prós e contras, suas ambiguidades. Por conta disso, há vários aspectos documentais como, por exemplo, a locação da cena final, a Pedreira do Dib, que neste momento está sendo fortemente descaracterizada”.
Uma curiosidade é que o cineasta se inspirou na própria infância na hora de elaborar o roteiro. Ele cresceu na Cantareira, local que descreve como “tranquilo, e onde o tempo corre em outra velocidade e o som colabora para um estado muito mais sereno”. “Mudar para o centro de São Paulo, fazer amizade com os trabalhadores da região e perceber todas essas diferenças foi a faísca”, complementa o diretor.
Na trama, o público acompanha a trajetória de Bento e Sylvio, neto e avô respectivamente, que têm profundas raízes na região da Serra da Cantareira, porém, em momentos diferentes de vida. Enquanto Sylvio se preocupa com o atual estado da Serra, ameaçada pelo avanço da civilização, o jovem vive em São Paulo, solitário e envolto na cacofonia da metrópole. O elenco é composto por Emiliano Favacho, Almir Guilhermino, Guilherme Dourado, Margot Varella e Gelson dos Santos.