“Crocodilo” ganhará uma versão para o cinema

Romance premiado, “Crocodilo” ganhará uma versão para o cinema

Adaptação da obra de Javier Arancibia Contreras ficará a cargo da roteirista Rita Toledo e dos cineastas Diego Santana Claudino e Guto Azevedo

Vencedor do Prêmio APCA 2019 (e indicado ao Prêmio Jabuti no mesmo ano), o romance Crocodilo, de Javier Arancibia Contreras, agora será transformado em filme. A direção ficará a Diego Santana Claudino e Guto Azevedo, enquanto a adaptação propriamente dita será feita por Rita Toledo. Abordando a questão do suicídio de forma bastante objetiva, a trama é definida por Diego como “uma história tão humana que chega a ser universal”.

O enredo tem, como ponto de partida, o suicídio de Pedro, rapaz de 28 anos de idade e filho do jornalista Ruy e da ex-editora de livros Marta. Ao lidar com o luto, os pais reagem cada um à sua maneira em relação à morte de Pedro. Enquanto Marta se recolhe na tentativa de processar a perda, Ruy parte em uma busca desenfreada por respostas que expliquem o porquê de alguém aparentemente tão feliz e sadio tirar a própria vida.

História impactante

“Queremos levar a história da forma mais responsável e impactante ao maior número de pessoas possível, sem filtros, com muito respeito e muita verdade”, afirma Guto Azevedo. Já Rita Toledo destaca que o suicídio é um tabu, sobre o qual é difícil falar, e antecipa que o filme irá abordar a questão sob uma perspectiva humana, sem buscar explicações, tirando o foco de causas ou diagnósticos. “A história fala da dificuldade de comunicação entre as pessoas, especialmente no universo masculino, entre pai e filho”, prossegue Rita. “Acho que essa é uma questão fundamental hoje.”

O autor do romance, Javier Arancibia Contreras, diz que a obra foi escrita sem nenhum tipo de planejamento. A principal motivação foi um forte incômodo inconsciente. “Nesse momento, percebi que algumas histórias de pessoas que havia conhecido em vários momentos da vida e que haviam se suicidado estavam se avolumando e me afligindo, sem que percebesse”, recorda o escritor. “A partir daí, a história foi surgindo muito rápido.”

Ainda segundo o autor, o tema do suicídio, por ser incômodo, parece imerso em uma espécie de “alienação consciente por parte de todos.”. “As pessoas preferem não saber e não falar sobre o assunto, o que é um erro, visto o aumento substancial de casos a cada ano que passa”, acrescenta Contreras. “Aceitar que o problema existe e compreendê-lo é essencial para o debate e acredito que tanto o livro quanto o filme, ainda que no campo da ficção, podem gerar discussões pertinentes com a sociedade.”

Filmes autorais

Sócia e manager director da PBA Cinema, Mayra Gama afirma que a adaptação de Crocodilo para o “telão” tem tudo a ver com os filmes autorais que a produtora realiza na Argentina e na Espanha, e que estão sendo exibidos em festivais importantes como Tribeca.

“Agora chegou a vez do Brasil e estamos muito felizes, pois temos nessa produção um time talentoso, cujos trabalhos conversam”, enfatiza Mayra, referindo-se aos diretores Diego Santana Claudino e Guto Azevedo e à roteirista Rita Toledo. “Os três são artistas de muita sensibilidade, cujo trabalho acessa lugares profundos nas questões humanas. O match foi instantâneo, como se livro, diretores e roteirista estivessem se procurando para fazer esse filme”, acresenta Mayra.

Para a realização do filme, a PBA Cinema – operação no Brasil da argentina Primo Buenos Aires – está firmando algumas parcerias com produtoras internacionais, como a Czar, da Bélgica, que tem no currículo obras como Ex-Drummer, Courrer, Un Ange e Rookie, além de séries como The Missing, Les Miserables e The White Queen.“Ao desenvolver o filme, você precisa pensar para quem está contando essa história e aonde quer chegar com ela”, observa Juliana Vedovato, produtora executiva da PBA, responsável pelo projeto no Brasil. “Para isso é fundamental ter um distribuidor desde o início.”

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