Bate-papo com Celso Diniz fotógrafo talentoso

Vocação para a fotografia

O fotógrafo Celso Diniz, revela que para fazer boas fotos de paisagem a diferença não está apenas relacionada aos equipamentos

Recentemente, a Shutterstock divulgou relatos de dez de seus fotógrafos, que foram convidados a falar sobre suas experiências enquanto exploravam o País em busca de imagens memoráveis de nossas belas e diversificadas paisagens. Um tema, aliás, que está em alta, já que a preservação do meio ambiente se tornou uma causa mundial. A seguir, confira o nosso bate-papo com um desses profissionais talentosos, o fotógrafo Celso Diniz, que relembrou sua trajetória vitoriosa e deu boas dicas àqueles que ainda estão se iniciando na carreira.

Quando e como surgiu o seu interesse por fotografia? E de que forma você iniciou a sua carreira?

O interesse em ser fotógrafo começou quando li sobre abertura, velocidade e efeito do ISO nos filmes, e toquei em uma SLR, ainda sem saber usar. Na sequência, comprei uma Nikon F5 e comecei a levar a câmera em todas as minhas viagens, ate que resolvi colocar as fotos para vender no próprio Shutterstock. Basicamente, minha carreira começou assim, com fotos de paisagens e viagens em Stock Photography.

Em sua opinião, o que conta mais na carreira de um fotógrafo: a sensibilidade do olhar ou uma sólida formação técnica?

Acho que a sensibilidade do olhar, algo que se aprimora, mas é inato, enquanto a formação técnica pode ser adquirida. Na verdade, vejo muita gente preocupada demais com o que é correto ou incorreto “tecnicamente” falando. E, de verdade, isso pode atrapalhar o exercício criativo.

A evolução dos equipamentos pôs uma série de ferramentas úteis ao alcance dos fotógrafos, mas sempre há alguns “truques” e “manhas” que fazer uma grande diferença na hora de conseguir boas fotos. Quais são os truques e manhas que já renderam a você imagens e incríveis?

Todos os equipamentos são ferramentas e, assim como não se usa uma faca de pão em uma cirurgia, não se usa um bisturi para cortar um pão. Saber usar os equipamentos corretos é a parte técnica da coisa. Os “truques” e “manhas” que, para mim, fazem a diferença não têm a ver com os equipamentos em si, mas com a hora certa da manhã e da tarde para boas fotos de paisagem, além de paciência para fotos de natureza, comunicação para as fotos com modelos, flexibilidade e coordenação do time para as fotos de moda etc.

Quais os lugares mais fotogênicos que você já visitou? E que características fazem desses lugares bons temas para fotos?

O Rio de Janeiro, onde nasci, cuja mistura de natureza, montanhas e cidade fazem deste um lugar único no planeta. Porém, já morei em São Francisco, na Califórnia, moro em Miami, na Florida, já visitei Sydney, na Austrália, Bali, na Indonésia, e tantos outros lugares, seja para fotos de paisagem quanto de moda. Mas, muitas vezes, o que faz um lugar interessante é a novidade, a excitação de estar lá. E se não for possível viajar, a busca por novidades em lugares que você já conhece tornará as fotos interessantes.

Existe alguma foto ou projeto que você considere um marco em sua carreira? Em caso afirmativo, poderia nos falar sobre esse trabalho?

O projeto mais importante foi a publicação, na Maxim Austrália e Nova Zelândia, de um ensaio que fiz com uma modelo da Nova Zelândia no deserto, em Las Vegas. Também, as fotos de paisagem que tirei no Rio de Janeiro, que já me renderam um prêmio em uma revista americana, e algumas entrevistas. E existem as fotos que tirei em Bali, que também resultaram em alguns editoriais e entrevistas.

Que equipamentos e utensílios não podem faltar em seu material de trabalho? Quais são as ferramentas que você sempre leva consigo em suas viagens?

Numa viagem para fotos de paisagens não pode faltar o tripé, assim como uma lente 28-300mm e uma 50mm. Para fotos de moda externas, eu basicamente uso uma lente 85mm e tenho sempre comigo a fiel 50mm. Isso é o básico. No mais, os equipamentos variam conforme o objetivo das fotos. Já aluguei lentes de 600mm, tenho comigo refletores enormes e telas para fotos na praia ou outros lugares etc.

Quando se fala em registros de Natureza, os lugares mais lembrados sempre são a Amazônia, o Pantanal etc. Que outros lugares do País você recomendaria a fotógrafos que queiram registrar imagens incríveis?

A Floresta da Tijuca no Rio, e o sul do Brasil, que é lindo. Se a ideia for arquitetura, então Brasília pode ser sensacional. Minha maior recomendação é explorar, com tempo e profundidade, os lugares que você visitar. Mesmo em viagens a negócios a São Paulo, pesquisando antecipadamente na internet, é possível planejar muitas fotos sensacionais na “selva de pedra”.

Há algum filtro, lente ou qualquer outro acessório que você recomende às pessoas interessadas em fotografar a Natureza? Em caso afirmativo, o que essas ferramentas podem agregar de positivo às imagens?

Hoje em dia, com a sofisticação dos softwares, muitas coisas podem ser feitas em pós-produção. Por exemplo, iluminar mais uma metade da foto que ficou na sombra da montanha. Portanto, não uso mais filtros para isso. Tampouco uso filtros para acentuar cores nos dias de hoje. Mas existe um filtro que não pode faltar, que faz algo que não se pode ser feito posteriormente no computador: o filtro Polarizador. Ele vai retirar reflexos, revelar o fundo do mar, o interior de um carro etc. E não se pode fazer isso depois, no computador.

Em uma foto de Natureza, que elemento é mais importante: o ângulo, a luz, o enquadramento ou o tema em si?

Tudo junto e misturado. Mas não existe um ângulo certo, a melhor luz, o enquadramento ideal, ou o tema perfeito. Existe o que você gosta, os ângulos que você prefere, a luz que te chama mais atenção, a sua maneira de enquadrar e os seus temas prediletos. No princípio se fotografa de tudo: gente, natureza, esportes, paisagens, o que for. E, com o tempo, os temas favoritos vão se revelando, e você vai fotografar melhor aquilo que te desperta mais interesse. No princípio, tenta-se colocar tudo na regra dos terços e não fotografar de frente para o sol. Mas, com o tempo, aparece uma preferência própria, particular, pessoal, de como fotografar aquilo que se gosta. E o resultado vai apelar ao gosto de muitos, mas não ao gosto de todos. Mas não importa: é o seu jeito de fazer.

Há algum lugar que você sonhe fotografar, seja aqui no Brasil ou em qualquer outra parte do mundo?

Já viajei pelo Brasil, EUA, Europa e Ásia. Realmente, faltam o Japão, a China e a África!

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