LENTES PARA CÂMERAS: QUANTIDADE OU QUALIDADE?

O uso de objetivas pode ser decisivo para a excelência de suas captações. Mas, como escolher?

Texto: Ricardo Bruini

Imagens: Divulgação

A quantidade de pixels que forma uma imagem de vídeo é crucial para determinar sua qualidade – mas diversos outros fatores contribuem para que ela seja percebida pelo espectador como “melhor” ou “pior”. Nesta edição, vamos analisar os problemas relacionados com a parte óptica (objetiva) do equipamento.

 O QUE É OBJETIVA?

Nos primeiros experimentos de “câmara escura”, uma caixa vedada permitia a entrada de raios luminosos somente por um pequeno orifício. No interior da câmera, era possível observar a projeção de uma imagem na parede oposta à do furo. No entanto, notou-se que esta imagem projetada apresentava-se um tanto borrada, com algumas imperfeições e distorções, além de possuir brilho bastante tênue. Para melhorar o aproveitamento dos raios de luz que entravam pelo orifício, colocou-se uma pequena lente óptica à sua frente; surgia, assim, a “bisavó” das objetivas.

Comumente chamada de “lente”, a objetiva é a parte da câmera responsável por concentrar os raios de luz e lhes dar uma orientação que permita gerar uma imagem nítida no anteparo fotossensível (CCD ou CMOS). Se a objetiva não existisse, os raios luminosos chegariam ao interior da câmara escura de maneira desordenada, o que acarretaria em uma imagem borrada e distorcida. Na verdade, a objetiva não é simplesmente uma lente, mas um conjunto de lentes, precisamente construído para extrair o máximo de qualidade da luz que entra pela câmera.

IGUAIS, MAS DIFERENTES…

Mesmo com toda precisão na montagem das objetivas e tecnologia envolvida na confecção das lentes modernas, existem grandes diferenças entre objetivas teoricamente “iguais”. Ou seja, objetivas com o mesmo ângulo de visão (distância focal) podem possuir qualidades ópticas completamente diferentes, dependendo do modelo, do fabricante e/ou material do qual são fabricados seus componentes. Esses fatores justificam a notável diferença de preços entre objetivas de vários fabricantes.

A precisão na montagem das lentes que formam a objetiva influencia no resultado, tanto da imagem obtida quanto no manuseio e operação do equipamento.

O material que compõe essas lentes (e mesmo o seu formato) também é fundamental para que a imagem resultante não apresente aberrações. Sendo assim, matérias primas puras e materiais especiais darão origem a lentes mais cristalinas e precisas, que, por sua vez, serão utilizadas na montagem de objetivas melhores (e mais caras).

ABERRAÇÕES ÓPTICAS

Muitas podem ser as aberrações (defeitos) resultantes na imagem em virtude da utilização de uma objetiva de pior qualidade. Algumas só são percebidas por especialista ou em projeções em tela grande, enquanto outras são percebidas mesmo por leigos no assunto.

Uma das mais comuns é a perda de nitidez nas bordas da imagem. Ou seja, a imagem possui centro nítido, enquanto as bordas têm aparência ligeiramente “borrada”. Esta perda de nitidez nas bordas torna-se mais evidente em captações com proporção de tela 16:9. Câmeras antigas costumavam ter objetivas com este tipo de problema, mesmo as fabricadas para uso broadcast (especialmente, as de tipo zoom). Atualmente, este é um contratempo que, embora tenha sido bastante minimizado, ainda ocorre com certas objetivas, sendo especialmente percebido em lentes adaptadoras e conversoras ou em conjuntos ópticos fixos, que equipam câmeras semi-profissionais.

ABERRAÇÕES CROMÁTICAS

Além de distorções na imagem, também podem ocorrer distorções na forma com que as cores são capturadas. Devido às características da luz – na qual cada cor é constituída por um “comprimento de onda” distinto – associadas à utilização de material de baixa qualidade na fabricação das lentes, algumas objetivas podem apresentar diferenças de foco nas cores. Sendo assim, uma imagem perfeitamente em foco pode conter uma determinada área de cor desfocada. Objetos brancos são ideais para a observação desse fenômeno, pois, embora estejam em foco, podem possuir uma “aura” colorida (geralmente, na cor verde e/ou magenta).

Este é um problema extremamente comum, mesmo em objetivas profissionais. Daí o alto preço de objetivas confiáveis, uma vez que a alta qualidade oferecida por elas justifica esses valores. Boas objetivas podem custar o mesmo preço da câmera para a qual são requeridas – e até duas ou três vezes este valor!

Aqui encerramos nossas análises a respeito dos fatores que contribuem para a qualidade de uma imagem. Outros poderiam ser abordados, mas estes são os principais para compreendermos que não só de quantidade de pixels se faz uma boa imagem. Mãos à câmera!

 

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