MFL HOMENAGEIA CINEASTA E OFERECE CURSO DE CINEMA E MEMÓRIA
Olívio Tavares de Araújo é o homenageado desta edição da Mostra do Filme Livre, que ainda tem um curso de cinema e memória com Hernani Heffner
Conforme já noticiamos aqui, aconteceu em São Paulo e no Rio de Janeiro, a 17ª edição da Mostra do Filme Livre, que agora está aberta gratuitamente em Brasília, até 20 de maio, no espaço CCBB- Centro Cultural Banco do Brasil.
Nesta ano, o evento que ficou bastante conhecido por evidenciar produções independentes, teve como homenageado, o documentarista Olívio Tavares de Araújo, que produziu mais de 30 curtas sobre o fazer artístico de inúmeros artistas plásticos, sendo seu primeiro curta, sobre o artista Farnese de Andrade. A obra ganhou o Candango em 1971, e foi o único filme latino americano a entrar na programação oficial do Festival de Cannes em 1972.
Em entrevista à Zoom Magazine, o cineasta falou o que pensa sobre a evolução da tecnologia audiovisual nos filmes atuais. “A evolução tecnológica evidentemente simplificou muita coisa. Basta lembrar o peso físico que se carregava antigamente, nos equipamentos de câmara e iluminação. Ou nas etapas entre produzir uma imagem e tê-la em mãos, ou aos olhos: desde o negativo, laboratório, revelação, até o ‘copião’. O básico de uma ilha de edição ocupa hoje o espaço de um computador, há trinta anos, ocupava uma sala de 20 m2. Nesse sentido, ficou muito mais fácil produzir”, explicou.
O profissional ainda comentou sobre seus planos de voltar a dirigir filmes: “Está nos meus planos, mas não tenho ainda temas definidos. Todos os meus filmes – principalmente, os de tema social – surgiram sem grande planejamento, em interação com a realidade, numa descoberta, um desejo inesperado. No momento próprio, fiz filmes sobre travestis vivendo de prostituição, doentes de Aids (todos menos um já tinham morrido na estreia) e falta de assistência psiquiátrica nas políticas públicas. A vida indica caminhos”, contou.
Outro ponto forte da Mostra do Filme Livre 2018, é o curso de cinema e memória com o pesquisador Hernani Heffner, que também falou do projeto com a nossa reportagem. “O Curso está voltado para a criação com materiais de arquivo, explorando a produção brasileira contemporânea. Depois de uma introdução teórica, onde tento descrever uma certa tipologia de filmes de arquivo, exploro as diferentes vertentes estéticas, a criatividade da filmografia contemporânea e as contradições de um discursos artístico que se quer por vezes também histórico”, disse.
O especialista ainda opinou sobre a transição das fases do cinema nacional, desde as chanchadas, o Cinema Novo, as “pornochanchadas” e, mais recentemente, a Retomada. “O conjunto das expressões cinemtográficas cria ou consolida uma tradição. Se as chanchadas e as pornochanchadas sedimentaram a comédia como grande veículo cinematográfico brasileiro, o Cinema Novo e a Retomada surgiram como instâncias críticas da sociedade, cultura e da história brasileira, exibindo o argumento de que a mudança começa sobretudo, na experimentação estética. Essa é a política maior a ser buscada por qualquer período”, finaliza.
O curso com Hernani já aconteceu em São Paulo e no Rio de Janeiro, no entanto, também será oferecido na edição da mostra que acontece, atualmente em Brasília. Confira a programação clicando aqui.